"...embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor". (Baudelaire)

dezembro 13, 2004

...

Na cantante meia-noite, quando as areias do tempo ecoam pelos portões ensanguentados do céu. invada minha mente e me traga as mudanças, me traga o terror da noite, me traga o sangue dos amantes, me traga um sorriso.

Eu sinto você me olhando enquanto ando atravéz dos campos sob a luz da lua... Sinto você ouvindo atentamente quando eu falo sobre as estrelas e seus amores do passado.

Campos do passado, na sombra constrastante dos brilhos incendiários que estão sendo jorrados direto sobre o pilar que ergui pra sustentar minha convicção.

Da mesma forma como sugo sua vitae docemente, seguraria suas mãos entre as minhas para aquece-las... Se entregue sem medo e sugue a minha loucura.

Sim, loucura. eu desejo que você me encontre louco, por que só assim, erguendo as mãos para o céu vc me conhecerá sem ilusões, não sendo alguém qualquer quando posso alegar que sou deus...

Eu gosto de ouvir os ruídos do mundo, no silêncio profundo do meu quarto. e me encontrar na gritante agonia que eu acho tão maravilhosa. simples assim...

Essa noite, antes de dormir, eu chorei...

pra preguiçosa da Lígia...


dezembro 07, 2004

conto...

E eis que eles vinham andando pelo calçadão, em frente provavelmente numa velocidade de 1 para 2 elevado a 276489... ahm.. cof cof...

- Ei, o que foi que vc disse??
- Eu disse??
- Disse sim, eu tenho certeza...
- Você pode estar ficando maluco e achando que eu disse...
- Bom, mas disse??
- Acho que sim, então nesse caso estamos os dois, ficando malucos.
- Esse negócio de ficar maluco é legal né?
- É.
- É!! *
- Nossa, quem é aquele sujeito que disse isso?
- Sei lá, um maluco qualquer que estava passando...

Porém, como esse mundo tende a ser de probabilidades infinitas que diminuem até 1 pra 1, nunca se sabe onde vai parar, vc pode ir pra uma ilhazinha vulcânica na indonésia, ou até mesmo pra morada divina, as Milenares Cachoeiras de Fanta Uva no Tibet... e já que estamos aqui...

- DEEEEEEUS!!! me de uma prova da sua existência!!!!
- Infelizmente não posso, a comprovação não coexiste com a fé... e sem a fé eu não sou nada...
- Mas eu me lembro, que certa vez, andando pela tal ilhazinha vulcânica (que é a filha da ilha de krakatoa, com k... pq cracatoa com c é um pássaro da família dos... bah!) um geólogo ciente da inexistência de vida, se deparou com uma pequena aranha tecendo sua teia... Mas quem aquela aranha haveria de capturar naquela imensidão de lava endurecida no meio do mar?? ou ainda, como aquela aranha chegou até ali?? ela não deu ouvidos ao geólogo, e continuou se preocupando apenas com a simetria e a densidade de seu visgo...
- tá, tá... minha paciência é divina, mas tudo tem limite né?
- é que uma simplicidade de vida como essa, não pode existir simplesmente, não pode partir de uma evolução natural, afinal as probabilidades estão contra... tem que vir de vc... então isso comprova que...
- argh! sabe que eu nunca tinha pensado nisso? faz sentid......

E deus desapareceu, deixando no ar apenas uma nuvem de poeira lógica...

novembro 28, 2004

Rabiscos...

"Um homem que considera seu coração,
sem considerar seus sonhos...
faz a lua chorar,
faz as estrelas chorarem."

(Retirado de um poema que eu estava rabiscando aqui... algo de bom depois do fiasco)

Prosa mode: on

A intenção original dessas palavras, era vir aqui e falar sobre o dia que encerra o ciclo exato de uma semana extremamente cansativo e terrível que foi essa que se passou... Assim que abri os olhos pensei: "há de ser o dia que compensará tudo..." dia de sol, ressaca, preguiça e o momento derradeiro do tão aguardado encontro...

Mas parece que as vezes o diabo se sente chateado lá no inferno, afinal, a mulher do diabo não o deixa ir ao bar... e entre tentar derrubar anjos atirando garrafas de cerveja pra cima com um estilingue (é assim que os anjos caem) e vir aqui na terra acabar com as intenções e desejos, ele escolhe a segunda... não da mais pra desperdiçar cerveja como antes, o inferno tem sido mais quente do que nunca...

Se eu me pusesse a escrever aqui sobre o assunto, viria a ler depois e pensar: "nossa, como eu dou voltas pra falar algo simples... qta inutilidade" pq afinal, NADA deu certo hj e isso explica com 100% de exatidão a coisa toda... esse assunto realmente não me anima em nada pra escrever...

(Post de qualidade ruim que não caracterizo nem como texto, só algumas idéias jogadas ai aleatóriamente)

novembro 24, 2004

Homenagem aleatória

a mão que segura a breja,
segura ela com gosto...

a mão que segura a breja,
presa ao corpo atravéz do osso...

a mão que segura a breja,
é a mesma que torce o pescoço.

(ficou tão bonito que esse vale 2 brejas)

novembro 22, 2004

Eu já não sei se posso...

Me sinto assim, quase que um estranho em minha própria terra, saudoso de uma paraíso que perdi. O olhar pro céu, foi durante muito, um hábito esquecido. E hoje, me flagro assustado com essa lua a se arredondar, quase cheia, quase? Olho para o céu dessa primavera de ventos frios, e imagino ausências, vazios e a saudade de um tempo que eu ainda não vivi, onde só me resta lutar, para que nessa ampulheta-relógio, seja possível ser feliz a despeito de tudo. Fico fumando ali e olhando a perolada lua, com um olhar quase acariciador... onde foi que li um verso sobre o luar numa noite de primavera?

A alegria, tem sido como o sol que se vai nos finais de tarde, como o sangue que se esvai na escuridão, dando lugar a uma tristeza plangente, que insiste por ser o meu algoz. Nessas horas, me vem à cabeça as concessões que fiz à Vida, e continuo fazendo. E eu penso, que ainda que triste, ainda que consciente, por todo o resto da areia, concessões são necessárias se quiser ser um pouco feliz.

Acabo de atravessar uma porta, que me foi aberta, para um reino de sonhos onde espero construir minha morada. Aqui, onde escrevo meus textos, fantasio... sou poeta. E eis que acabo despertando, no momento que percebo a rosa branca cravada em meu coração, se tornando vermelha pouco a pouco, enquanto sorve minha vida.

A cinza do cigarro se desprende e a cabeça se inclina seguindo-a com os olhos. A idade que tenho, os filhos que não tenho, e a pessoa que desejo amar... tudo me acompanha nessa desajeitado olhar para o céu em silêncio. Silêncio que é agradavel, ora ofensivo dentro das bocas acuadas por pedras e sangue. É assim que sigo nesse mundo aleatório, onde os escarcéis saem de bocas de lobo, enquanto simplesmente se anda pela rua, pedindo aos deuses para me libertar do desatino de pensar que sou nada... que não deixe agonizar meus sonhos mais perfeitos...

Olhando assim, a lua de cor tão tênue, eu imagino que embora uns nãos queiram e outros queiram demais, tudo é possível, e para tudo da-se um jeito, apesar dos desajeitos (se é que essa palavra existe). Olho a lua e lembro que alguém me disse, que daqui a bilhões de anos a lua se desprenderá da terra e sairá por aí a cantar solitária. Rio, daqui a bilhões de anos pode ser que nada mais exista, nem mesmo um neutron do que foi esse meu sonho...

Talvez seja pretensão demais desejar algo para daquia centenas de séculos, eu me contentaria em saber, que nesse exato instante, nessa mesma noite fria de primavera, "alguém" esteja olhando a lua, enxergando as saídas para as portas mais abertas que deixei para esses sonhos, que eu timidamente, desejei.

Pois hoje, olhando a lua, eu já não sei se posso...